Morre Antônio Vieira da Silva, 8º Dan e lenda do Judô Rio
Professor Antônio tinha 90 anos e viveu uma vida dedicada ao judô do Rio de Janeiro e do Brasil. Era uma das figuras de maior conhecimento do esporte nacional e foi um dos fundadores da Federação Guanabarina de Judô e, mais tarde, da FJERJ
O judô do Rio de Janeiro e do Brasil perderam, nesta quarta-feira (6), Antônio Vieira da Silva. Professor Antônio tinha 90 anos e viveu uma vida inteira dedicada ao esporte. Foi um dos fundadores da Federação Guanabarina de Judô da qual fez parte como árbitro entre 1964 e 1978, e esteve perto do judô militar e era 8ºDan.
O professor Antônio se formou pela Escola de Educação Física da Marinha (CEFAN), em 1966, e depois completou uma especialização em natação em halterofilismo pela UFRJ, em 1970. Alguns anos mais tarde, em 1991, ainda completaria uma pós-graduação em educação física pela UFRJ. Mas já era feixa preta mesmo antes disso, desde 1951. A última graduação, entregue pela FJERJ e pela CBJ, foi concluída em 1997 e consagrou o professor como 8º Dan.
O desejo de seguir se tornando um especialista acadêmico no esporte e no judô seguiu durante toda a vida, com inúmeros cursos voltados para o esporte desde os anos 1960. Era, assim, um dos judocas mais certificados do país.
Além de um dos fundadores da Federação Guanabarina de Judô, foi fundador e presidente do Instituto Brasileiro de Artes Marciais Antônio Vieira (IBAMAV), da Associação Antônio Vieira de Judô, do Judô Clube Antônio Vieira. Fez parte do grupo de fundadores de outras instituições: Polícia do Corpo de Fuzileiros Navais, em 1949, do Corpo de Fuzileiros Navais, no mesmo ano, do Centro de Instrução Almirante Wandenkolk (CIAW), em 1966, da Escola de Educação Física da Marinha, em 1966, do Bandeirantes Tênis CLube de Jacarepaguá, em 1962, do Ginásio Portuário do Rio de Janeiro, em 1955, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e da da Cidade de Resende, em 1951, e do Grêmio de Subtenentes e Sargentos das Agulhas Negras (GSSAN), em 1952.
E, claro, também foi um dos fundadores da FJERJ, em 1961, e da CBJ, no mesmo ano. Era membro da Comissão de Graus da FJERJ atualmente.
Homem de fibra e inteligência notável, Professor Antônio deixou muitas lições e um legado inegável. Como, por exemplo, o poema Lamentos do Velho Mestre, que reproduzimos abaixo.
Eu sempre fui dedicado
Julgo-me quase perfeito
Sempre fui considerado
Sou judoca de respeito
Sou um judoca honrado
Com calma, não desespero
Faixas pretas tenho formado
Faço os Katas que eu quero
O tempo foi passando
A minha forma levou
Hoje fico lamentando
Do tempo que passou
Sou um judoca de fama
Lutando fui uma fera
A consciência me reclama
Já não sou mais o que eu era!
O tempo passou por mim e levou-me
Levou-me a mocidade
Deixou-me a história sem fim
Recordação a saudade!
O sepultamento será a partir das 17h desta quarta-feira no Cemitério Memorial do Carmo – Cemitério Vertical -, no Caju, região central da cidade. A gaveta é a de número 2.189.
*Foto: Judô Team Falosi