Nota Oficial – Rafaela Silva

A Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro acompanha atentamente o processo envolvendo a judoca campeã olímpica e mundial Rafaela Silva.

Uma das maiores referências do esporte brasileiro, Rafaela possui uma carreira repleta de títulos, incluindo o ouro nos Jogos Olímpicos Rio 2016, que a transformou em uma das principais atletas do Brasil e referência para toda uma geração de jovens esportistas em todas as partes do país. É uma pessoa e atleta de caráter irretocável e reputação ilibada.

Com dedicação e talento, a atleta vem se mantendo no topo de sua modalidade há anos. Por isso, Rafaela foi frequentemente submetida a testes de controle de doping, sempre com resultados negativos.

Assim, a FJERJ aguarda a decisão final do caso e ressalta que a atleta ainda possui o direito de recurso para a Corte Arbitral do Esporte.

Enfatizamos o compromisso da federação com o esporte limpo e o papel educativo da entidade para o tema.

Para reforçar tudo que pensamos sobre Rafaela e mostrar ao público a imagem dela no judô, conversamos com o treinador dela desde a infância, Geraldo Bernardes, que fez um depoimento.

“Rafaela, menina pobre oriunda da Cidade de Deus, começou o judô em 2000 no projeto social Geraldo Bernardes Body Planet. Seu pai era entregador de pizzas e sua mãe estava em tratamento psicológico. Na primeira aula da Rafaela percebi que tinha um diamante bruto que, caso fosse lapidado, viraria uma grande atleta. Chamei o pai e disse que sua filha um dia ganharia o mundo competindo judô, ela tinha os braços longos, boa coordenação e uma agressividade que se canalizasse para o esporte seria campeã mundial ou olímpica – e foi exatamente o que aconteceu. Rafaela foi campeã mundial e olímpica. Uma trajetória com muita dedicação, decepção e alegria. Se pudéssemos classificar a Rafa, chamaria de “Super Superação”.

Foi desclassificada nas Olímpiadas de Londres 2012 porque as regras tinham sido mudadas recentemente e muitos atletas ainda não estavam adaptados. Foi xingada e humilhada através das redes sociais, chamada de outros adjetivos pejorativos e racistas, a ponto dela querer desistir do judô. Porém, o espírito guerreiro dentro da menina da Cidade de Deus mostrou ao mundo em 2013, no Brasil, toda sua superação, começou a escrever uma nova história de sucesso, tornando-se a primeira mulher brasileira campeã mundial de judô.

Continuou seus treinamentos e, novamente no Brasil, nas Olimpíadas Rio 2016, conseguiu mais um feito histórico: tornou-se a primeira e única atleta do judô brasileiro a ser campeã mundial de olímpica.

Sou seu professor desde que ela tinha oito anos de idade, com 20 anos de convívio, por isso asseguro que Rafaela pode ter defeitos, porém nunca fumou, nunca bebeu ou se drogou. A grande força dela está justamente por adorar a competição quando quase todos os atletas temem psicologicamente as competições. Ela adora! É sua característica mais forte e intimida os adversários.

Tenho 58 anos como treinador de judô, experiência em 4 Olimpíadas como técnico do Brasil, ajudando na conquista de seis medalhas olímpicas, duas de ouro, duas de prata e duas de bronze e, conhecendo Rafaela profundamente, afirmo que jamais ingeriria qualquer substância para vencer ou ter vantagens sobre os seus adversários. O que ela está passando nestes momentos que antecede os jogos olímpicos só pode ser mais uma prova para testar outro tipo de “Super Superação”: ela é um tanque de guerra, temida pelos adversários pela garra, determinação e agressividade conquistadas na favela de onde surgiu. Serve de exemplo para desportistas, crianças e jovens de sua comunidade para os quais o esporte é uma ferramenta super poderosa de oportunidades e transformações sociais”.

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