Floriano Almeida é o novo Coordenador Técnico do judô do Flamengo

Contratação representa mais um passo rumo à reestruturação da modalidade no clube, e objetivo é fomentar a base para Olimpíadas 2024 de 2028

Floriano Paulo de Almeida Neto é o novo Coordenador Técnico do Judô rubro-negro. Enquanto atleta, Floriano representou o Brasil em diversos eventos internacionais. Assim que se “aposentou” das competições, rumou para as comissões técnicas, onde se tornou um dos principais formadores do Brasil, revelando inúmeros talentos que serviram à Seleção Brasileira da modalidade. O site oficial do Flamengo fez uma entrevista exclusiva com o profissional, que o Judô Rio reproduz.

Como surgiu o convite e o que sentiu ao aceitar vir ao Flamengo?
O convite surgiu através do Sandro (Teixeira), que assumiu a gerência do judô, e eu estava apenas servindo à Seleção Brasileira e trabalhando num projeto junto com a Federação Paulista, de qualificação de professores. Estava ajudando a CBJ em São Paulo nos treinos da Seleção Brasileira também. Eu vim para um Campeonato Brasileiro aqui no Rio como observador da Confederação e o Sandro me viu e me chamou, me apresentou o projeto do Flamengo. Eu me interessei demais, principalmente porque era trabalhar com a base, que é o que eu gosto mais, embora eu tenha atuado muitos anos na ponta. Fui para duas Olimpíadas, como auxiliar técnico (Atlanta, EUA) e outra como técnico (Atenas, Grécia) da equipe feminina, mas o que eu gosto mesmo de fazer é esse trabalho de formação.

Sobre esse trabalho de formação, você foi referência inclusive quando o Brasil conquistou a primeira medalha olímpica de judô feminino, com a Ketleyn Quadros…
Quando a Ketleyn foi medalhista, ela chegou lá no Minas (Tênis Clube), onde eu trabalhava, com 16 anos e nós fizemos esse trabalho que resultou em medalha olímpica. Assim foi também com outros atletas, que chegaram a mim com 15, 14 anos e acabaram sendo campeões mundiais adultos ou coisa parecida. Esse é um trabalho que eu gosto muito de fazer, que é descer e subir junto. E foi o que o Flamengo propôs. Eu abracei na hora.

Você participou da comissão técnica da Seleção Feminina por anos. Hoje a Rosicleia é a Técnica Principal da Seleção Feminina. Como se dá essa relação entre vocês?
Depois de Atenas a Rosi era a técnica da equipe sub-21 do feminino, e em algumas ações ela assumia a equipe feminina principal, porque tínhamos ações simultâneas ou algo do tipo. Quando eu optei por sair da Seleção, até por conta do comprometimento que eu tinha no outro clube que trabalhava, eu mesmo indiquei, referendei o nome dela. Era a ordem natural. Eu sempre tive uma admiração muito forte por ela, pela postura dela. Ela é muito transparente. Eu achei que foi uma decisão muito boa para a seleção. Ela atuou muito bem nos bastidores e é responsável direta pela qualidade e sucesso do judô feminino por sua forma de ser. Ela conseguiu unir as meninas em busca de uma qualificação melhor para a categoria. Antes era desigual o nível entre o masculino e o feminino e a Rosi fez um trabalho tão forte para equiparar as equipes… Então temos uma relação muito bacana.

Você faz um trabalho também na Confederação com a base. Como vai funcionar esse paralelo com o clube, já que um dos principais objetivos do Flamengo é o fomento à base, é abrir as portas do CRF para novos atletas?
Ainda não temos nada oficialmente colocado, mas já recebemos a visita do supervisor principal da CBJ, o Ney Wilson, para batermos um papo. O Marcelo Vido também se reuniu conosco, então a ideia é que pelo menos uma vez por semana eu ajude no treino da seleção brasileira lá no Maria Lenk (CT Time Brasil), e quando eu for, a ideia é que eu leve atletas do Flamengo junto comigo. Isso serve para dar uma visibilidade maior aos nossos atletas e realmente abrir as portas do clube. É muito importante que venham atletas experientes e até adultos para cá, porque aí você abrange o departamento todo. Muitas vezes a gente leva para treinar lá, mas nem todo mundo pode ir, então vão poucos atletas e apenas esses aproveitam. Então a gente queria fazer esse movimento inverso também. Fazer um intercâmbio constante para beneficiar um maior número de pessoas do nosso clube.

Lembro que quando a trouxemos a Sarah Menezes um dos principais motivos foi porque o Flamengo conseguiria servi-la melhor em relação ao número de atletas de diferentes biotipos para treinamentos. Mesmo assim, de acordo com a gerência, podemos aumentar a quantidade e qualidade dos atletas no dojô rubro-negro. Vocês já têm algum plano para atrair novos atletas para o Flamengo, independente da categoria?
Estamos em um processo de diagnóstico ainda para saber quais atletas somariam para o desenvolvimento dos nossos atletas que já estão aqui. Eu trabalho muito com o grupo. As vezes o atleta pode ser excelente, mas não cabe no grupo, acaba desagregando. As vezes a gente corre até o risco de prejudicar a carreira dele. No caso da Sarah é bem mais tranquilo, porque ela é uma menina que luta nas categorias mais baixas, então os garotos do sub-18 conseguem dar treino pra ela, mas pela minha experiência no judô feminino, é importante que ela treine com meninas, porque o centro de gravidade é diferente, a reação de um garoto e de uma menina para determinada ação no judô são diferentes, e ela precisa ter o tempo de menina. Então estamos nessa fase de diagnóstico. Ela é uma menina super disciplinada, muito experiente já. Nós vamos juntos ao Maria Lenk quando tivermos treino com a Seleção para eu poder acompanhar de perto e dosar esse treino etc., especialmente no caso dela.

Existe algum trabalho em conjunto com a Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro?
Pelo que o Sandro falou, a Federação ficou muito feliz com a minha vinda e abriu portas, inclusive pediu para que, nas ações de treinamento, eu também ajudar lá. Eu vou com o maior prazer, desde que não me prejudique aqui no Flamengo. Eu preciso estar com o foco full time aqui no dojô para continuar levantando o judô do Flamengo. Eu quero estar a maior parte do tempo aqui no clube. Inclusive a minha proposta, quando falei com o Sandro, é de subir no tatame desde a escolinha. Eu preciso entender como funciona para poder atuar dentro do que eu enxergar.

Para você, qual a relevância de representar o Flamengo, agora como gestor?
Eu entendo como um grande desafio, pela grandeza do Flamengo. Não só pela marca, mas pela história do Flamengo no judô. Na época que eu competia tinham muitos bons atletas aqui e isso para mim é realmente um grande desafio. É um prazer enorme. Eu adorei ter tido essa oportunidade. Eu trabalhei em São Paulo a maior parte da minha vida, depois fiquei 20 anos no Minas, e agora estou vindo para o Rio. Estou imensamente feliz.

Alguma consideração final?
Aqui no Flamengo tudo é muito grande. A minha preocupação hoje é que todo mundo entenda que estamos no início de um processo. Um início até bom, porque já existe um trabalho bem feito. A Rosi faz um excelente trabalho dentro da realidade, com todos os fatores extra-dojô. É um processo lento, mas com toda a expertise, minha e da Rosi, ele tem chance de ser mais rápido. É um trabalho, no entanto, que visa Olimpíadas 2024 e 2028.

As equipes de judô do Clube de Regatas do Flamengo contam com recursos de seus patrocinadores – Estácio, AmBev, Rede D’or – via Lei de Incentivo Federal/Ministério do Esporte (IR) e Lei de Incentivo Estadual/Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude (Seelje) do Rio de Janeiro, além de apoio do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) proveniente da descentralização de recursos oriundos da Lei Pelé.

Fonte: site oficial do Flamengo

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