Entrevista: Murilo Gouveia, coordenador técnico do Flamengo, campeão do Troféu Brasil 2024
Treinador rubro-negro fala sobre a conquista nacional, a temporada de 2024, os judocas de destaque do clube e as expectativas para o próximo ano
* por Diano Massarani
Nos dias 1 e 2 de novembro, o Clube de Regatas do Flamengo conquistou o Troféu Brasil, dando sequência a uma brilhante fase que já contava com 4 títulos seguidos de etapas do Circuito Estadual da FJERJ. Nesta entrevista, o coordenador técnico do Flamengo Murilo Gouveia fala sobre a conquista nacional, a temporada de 2024, os judocas de destaque do clube e as expectativas para o próximo ano.
O Troféu Brasil era uma prioridade do Flamengo para esta temporada? Quais foram os fatores mais determinantes por trás da conquista do Flamengo do Troféu Brasil?
Um clube como o Flamengo tem de ter ambição de grandes competições e o Troféu Brasil, como uma grande competição, era sim uma prioridade nossa. Uma junção de vários fatores foi determinante para nosso título, entre os quais cito: atletas de qualidade, treinamento bem feito, trabalho em conjunto com toda a equipe técnica e multidisciplinar que soube ouvir as necessidades dos atletas no período de treinamento. É muito importante também destacar a gestão de esportes olímpicos do Flamengo, que vem a cada ano melhorando a estrutura e as condições de trabalho, gerando uma expectativa ainda melhor para 2025.
O Flamengo venceu os últimos 4 eventos do Circuito Estadual da FJERJ. Na sua opinião, ter um calendário repleto de competições como o promovido no Rio de Janeiro pela FJERJ contribui para que o Flamengo chegue mais forte às competições nacionais?
Com certeza, e por isso que, sempre que possível, o Flamengo faz questão de participar com força máxima do Circuito Estadual. É nas competições estaduais que testamos tudo que está sendo treinado e colocamos em prática as estratégias criadas para as competições nacionais. É o momento de analisarmos o que está dando certo e errado.
O resultado alcançado no Troféu Brasil pelo Flamengo trará investimentos por parte da CBJ para que atletas rubro-negros participem de futuras competições internacionais. Poderia, por favor, comentar quais são suas expectativas com relação ao desempenho de três destes judocas para os próximos eventos internacionais: Rafaela Silva (agora em nova categoria), Marcelo Gomes e Giovanna dos Santos?
São 3 atletas vencedores com características completamente diferentes. A Rafa dispensa comentários: campeã olímpica e mundial, sabe tudo o que faz para chegar em uma vitória, inteligente, estratégica, muito habilidosa, consegue ditar o ritmo de suas lutas das mais diferentes formas. O Marcelão vem evoluindo constantemente e ainda o vejo com muito potencial para evolução. Ele vinha de dois vices no Troféu Brasil e trabalhou muito para estar com a confiança e o condicionamento em dia. É um atleta muito explosivo e derrubador. Ouso arriscar que teremos uma medalha olímpica em Los Angeles com ele e a Gi, uma atleta também em evolução, muito determinada e organizada em seus planejamentos. O grande desafio da Gi é que ela tem como concorrente direta para a vaga em Los Angeles a atual campeã olímpica da categoria, mas nada que muito trabalho e disciplina não possa superar.
Dois judocas rubro-negros que também se destacaram em Minas Gerais foram Rafaela Batista e Kauan dos Santos. Poderia comentar o que espera destes dois jovens atletas para o futuro próximo?
Fiquei muito feliz com esses resultados, pois ambos sentiram problemas no trajeto. O KJ veio de várias lesões, que fizeram com que não conseguisse dar continuidade no primeiro semestre, mas nestes dois últimos meses ele conseguiu dar uma sequência boa e chegou bem na competição. A Rafa foi medalhista no mundial sub-21 em 2021 na categoria 48 kg, em seu primeiro ano, quando ainda não estava conosco. Ao meu ver, ela erradamente tentou continuar na categoria, pois estava perdendo muito peso e isso nitidamente obstruía sua performance e desenvolvimento. Em 2024 ela veio para o Flamengo, trocou para o 52kg e depois de algumas competições e avaliações percebemos que a categoria ideal para ela era o 57kg. Hoje, não tenho dúvidas que estávamos certos, já que ainda leve para categoria ela performou muito bem e ganhou o bronze no Troféu Brasil. Acredito que ainda vai evoluir muito.
O ano de 2024 do Judô brasileiro está chegando ao seu fim. Como você avalia a temporada do Flamengo? E quais as previsões para 2025?
Sem sombra de dúvidas 2024 tem sido um ano especial. Quando retornei ao Flamengo, em 2021, o clube vinha com um grupo muito bom da base sub-21, mas não tínhamos a classe Sênior. Começamos a planejar a estruturação do Sênior, contratando pontualmente alguns atletas que poderiam, além de reforçar nossa equipe, também colaborar com a evolução dos mais novos. Outra estratégia também foi começar a investir no sub-13 e sub-15, daí a cadeia de alimentação começou e a cada ano vamos subindo um degrau. Para 2025, vamos seguir evoluindo com a mesma estratégia, mas hoje já temos também a colheita de frutos daquele investimento do sub-13 e sub-15, que começou em 2021.