Mais de 220 judocas enchem Arena Carioca 3 para treino de veteranos em parceria com Time Judô Rio
O evento, organizado pela Associação de Judô Veteranos do Rio de Janeiro em parceria com a FJERJ, reuniu judocas de diversas idades para reforçar que o judô é para a vida inteira
A Arena Carioca 3, no Parque Olímpico da Barra, recebeu na manhã deste sábado (2) um número recorde de judocas master para a edição carioca do Desafio Internacional de Judô Veteranos. Mais de 220 pessoas estiveram presentes durante as duas horas de treino organizado pela Associação de Judô Veteranos do Rio de Janeiro, encabeçada pelo atleta olímpico de Moscou 1980, Oswaldo Simões, em parceria com a Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro, que esteve presente na figura do presidente Jucinei Costa. Judocas de 30 até mais de 70 anos participaram da sessão de treinamento.
Além do Rio de Janeiro, o treino foi conduzido simultaneamente na cidade de Macaé e em todos os outros Estados do Brasil, além de outros países. Nenhum deles, entretanto, com mais presentes que no Rio, uma demonstração da força do trabalho da FJERJ ao lado da Associação de Veteranos. “A política da atual gestão desde o começo é de resgate dos treinamentos em conjunto. Nos tempos áureos do judô do Rio de Janeiro houve um crescimento porque tinha esse intercâmbio do ‘treinão’. Estamos resgatando grandes nomes da história do judô do Rio de Janeiro”, declarou o presidente Jucinei.
“Hoje grandes nomes disputam as competições de veteranos e dão belos exemplos de longevidade na prática do judô. Para a Federação é também um resgate daqueles judocas que ficam adormecidos depois que param com a carreira de competidor. É uma maneira de voltarem ao nosso convívio. Então ter um número grandioso desses é importante por todos esses aspectos”, comentou.
Jucinei ainda falou sobre a importância de contar com nomes de judocas mais velhos não apenas na memória, mas também na prática.
“É bom vê-los dentro do dojô e não apenas no site, naquele saudosismo. No dia 16 vamos ter nosso treinamento da federação que tem o master, mas não só o master. Desde o Sub-13 até o sênior vão ter a oportunidade de trocar experiências com esses grandes nomes. Além disso é o resgate – a pelada de fim de semana do judô é essa. Vem no treinamento, faz a tua resenha e se mantém ativo. O incentivo é que não seja só aos fins de semana, pela questão da saúde. Fica perigoso treinar só aos sábados, mas com esse treino a gente tenta incutir na cabeça desses veteranos a necessidade de uma atividade mínima durante a semana para poder jogar essa pelada no fim de semana”, disse.
Oswaldo Simões é, além de um dos organizadores do evento, um desses grandes nomes citados. Atleta olímpico, campeão mundial universitário e medalhista no Mundial Master, falou da criação do ‘treinão’ e da importância para os resultados da seleção brasileira de master, por exemplo, que brilhou no Mundial do ano passado, realizado no México.
“A história desse treinamento começou com um projeto de lei que instituiu o primeiro sábado de fevereiro como o dia do judoca veterano. A partir desse momento, o grupo Judô Veterano Brasil – por meio de Cristian Cesário, Argeu Cardoso, Rodrigo Motta e Vinícius Graça – teve a ideia de instituir um treinamento dentro e fora do Brasil. O treino do ano passado no Rio foi o maior deles e Angola também participou. Fez com que as pessoas voltassem a se cuidar. E o Brasil foi para o Mundial Master de Cancún ser campeão na contagem de pontos – superou Japão, Estados Unidos e tudo mais. Animou a classe master”, rememorou.
“Estamos repetindo. A Associação de Judô Master do Rio de Janeiro, junto à Federação do Rio de Janeiro, fez um macrotreino para aumentar o que aconteceu no ano passado. Todos os estados do país aderiram e ainda mais 15 países – Canadá, Estados Unidos, Austrália, o mundo todo”, destacou.
Simões e Jucinei ainda anunciaram uma parceria entre FJERJ e Associação de Judô Master do Rio de Janeiro: aqueles veteranos que se afiliarem à associação de master terão o valor abatido da anuidade da FJERJ. Um passo rumo ao trabalho em conjunto que também permite a associação a ganhar força e crescer.
A federação de judô nunca se afastou do apoio ao master, mas ela precisa olhar para outras áreas também. Existe um processo seletivo para ir ao Campeonato Brasileiro desde o Sub-13 até o Sênior – campeonatos que também dão abertura para a formação das seleções. O braço master é mais aberto, o atleta não precisa passar por um processo seletivo para disputar o Mundial. Então ele acabava apenas ocupando um espaço na federação. Mas com a Associação veio uma organização desse braço de veteranos, e eles trazem para a federação, que já pega esse pacote organizado para dar apoio ao braço de master do judô do Rio de Janeiro”, elogiou Jucinei.
O treinamento contou com a presença de vários dos principais atletas master do Brasil na atualidade. É o caso de Marília Alves, medalhista de bronze no Mundial de 2018. “É muito gratificante. Eu luto desde criança, competia desde adolescente. Atuo há dez anos como professora de judô infantil e agora sinto que tenho o apoio necessário para voltar a competir e reviver esse grande sonho que é ser atleta. Posso aprender hoje com as pessoas que eu via lutar quando ainda era adolescente”, afirmou.
Outro desses nomes é Gabriel Cardozo, que destacou a socialização entre velhos amigos como um ponto forte dos treinos. “Isso é muito legal, a socialização e o reencontro. Na verdade poderia até ser o principal motivo do treino, reencontrar gente que treinou e competiu com você, mas que seguiram caminhos diferentes na vida. Nós já começamos a marcar para sair daqui e almoçar, então isso é bem legal.”
Simões também comemorou a oportunidade de encontrar gente que viu começar no esporte décadas atrás. “É um grande congraçamento, a alegria de gente que não se vê há 30, 40 anos. Tenho gente aqui que foi meu aluno há 40 anos. Estamos nos encontrando, as pessoas estão saudáveis e a Associação de Master quer contribuir com que todos cuidem da saúde e mantenham a forma.”
Foi, no fim das contas, uma grande aula sobre o que significa o judô. “É um exemplo de longevidade e de que o judô não se resume às competições. Judô é mente e corpo”, completou Jucinei. “É para a garotada olhar para a frente e saber que depois da carreira pode continuar com o judô social, o judô com os amigos e manter a forma física e a saúde.” O evento abriu o calendário do Time Judô Rio para fevereiro, que ainda conta com um grande treino no próximo dia 16, na mesma Arena Carioca 3, mas com todas as categorias de judocas cariocas.