Judô Rio preparado para a estreia nos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020
Judocas Willians Araújo e Karla Cardoso e árbitro Jeferson Vieira são os representantes da FJERJ na competição
Os Jogos Paralímpicos Tóquio 2020 começam nesta terça-feira, 24, às 8 da manhã, com a Cerimônia de Abertura. Já a competição de judô, que conta com três representantes da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ), começa no próximo dia 26, quinta-feira, a partir das 22h30. E o Judô Rio está preparado para mais uma grande competição. Logo no primeiro dia, Karla Cardoso disputa as preliminares na categoria meio-leve (52kg) e o árbitro Jeferson Vieira, vice-presidente da FJERJ, deve atuar em seus primeiros combates. Já Willians Araújo estreia no próximo domingo, 28, também a partir das 22h30. O peso-pesado vai em busca de sua segunda medalha olímpica.
“Medalha paralímpica não tem cor. Será, se Deus permitir, o momento de concretizar mais um ciclo. O trabalho que é feito lá no Instituto Benjamin Constant… A CBDV, que fez de tudo para que pudéssemos treinar em segurança, o Comitê Paralímpico… Levar essa medalha para o Brasil seria coroar tudo isso”, conta o judoca, que trabalha diariamente também no Academia Projeção e foi medalhista de prata na Rio 2016, além de ter disputado Londres 2012. “Quero dar o meu melhor e sair daqui com a sensação de dever cumprido”.
Apenas de 2019 para cá, o atleta que compete nos pesos-pesados do judô paralímpico (mais de 100 kg) passou por duas cirurgias delicadas, perdeu o pai para o câncer e encarou duas infecções pelo novo coronavírus, sendo uma assintomática.
O ciclo de Tóquio começou a se mostrar um desafio e tanto em 2019, quando Wilians rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo e teve lesão de menisco. Foram seis meses de molho até o retorno no Grand Prix, em novembro, quando foi campeão brasileiro. O ano seguinte parecia promissor: ouro no Pan-Americano de Montreal, no Canadá, e no Aberto da Alemanha. Em março, porém, durante competição de judô regular no Rio, novo rompimento dos ligamentos, desta vez, do joelho direito. E em meio a uma pandemia que já assustava o planeta e chegava forte ao Brasil.
“Ali começou a luta para operar, foi tudo fechando. No começo eram só 15 dias, mas as coisas foram piorando, piorando… E fiquei preocupado porque nada de operação. Quando chegou em julho, foi possível realizar a cirurgia. Fiquei mais seis meses afastado dos tatames e só pude voltar a treinar em janeiro deste ano”, explica.
Enquanto se recuperava da cirurgia, veio o golpe mais dolorido: a notícia do câncer do pai, seu Severino. “Por incrível que pareça, com todas as coisas ruins que aconteceram, a pandemia fez com que eu me aproximasse do meu pai na hora que ele mais precisou. Se estivesse tudo normal no ano passado, eu teria descoberto que meu pai estava com câncer no meio da Paralimpíada. Eu pude cuidar dele, ir ao médico, estar presente até o último momento de vida dele”, contou Willians, que perdeu o pai, aos 58 anos, no dia seguinte ao aniversário de 29 anos. “Meu pai era um dos meus maiores incentivadores. No começo da minha carreira, ele não entendia muita coisa, mas, depois, era um grande torcedor. O que ficam são as lembranças boas. Ele e minha mãe me ensinaram a ser a pessoa que sou hoje, então sou muito grato”.
Brasil em Tóquio
A delegação brasileira de judô conta com nove atletas, sendo cinco homens e quatro mulheres. Além de Willians Araújo (+100kg), Antônio Tenório (Até 100kg), Arthur Cavalcante (Até 90kg), Harlley Damião (até 81kg) e Thiego Marques (até 60kg) competem no masculino. Allana Martins Maldonado (até 70kg), Karla Ferreira (até 52kg), Lúcia Teixeira (até 57kg) e Meg Rodrigues Vitorino (acima de 70kg) brigarão pelas medalhas no feminino.
Entenda a modalidade
O judô é disputado por atletas com deficiência visual divididos em categorias de acordo com o peso corporal. Com até cinco minutos de duração, as lutas acontecem sob as mesmas regras utilizadas pela Federação Internacional de Judô, com pequenas modificações em relação ao judô convencional.
A principal delas é que o atleta inicia a luta já em contato com o quimono do oponente. Além disso, o combate é interrompido quando os lutadores perdem esse contato. Não há punições para quem sai da área delimitada.
O responsável pela primeira medalha de ouro verde e amarela foi o multicampeão Antônio Tenório, em Atlanta 1996. No total, o judô já rendeu ao Brasil 22 medalhas na história dos Jogos, sendo quatro ouros (todos conquistados por Tenório), nove pratas e nove bronzes.
Classificação
Além das categorias por peso, os judocas são divididos em três classes, de acordo com o grau da deficiência visual. Todas começam com a letra B (blind, cego em inglês): B1, B2 e B3.
Nos Jogos Paralímpicos, atletas de diferentes classes podem competir juntos.
B1 – Cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância;
B2 – Atletas com percepção de vultos;
B3 – Atletas que conseguem definir imagens;
PROGRAMAÇÃO
DIA 24 (terça-feira)
08h: CERIMÔNIA DE ABERTURA
DIA 26 (quinta-feira)
22h30 às 01h30: JUDÔ – Preliminares
Até 48kg feminino
Até 52 kg feminino: KARLA CARDOSO
Até 60 kg masculino: THIEGO MARQUES
Até 66 kg masculino
DIA 27 (sexta-feira)
04h00 às 06h40: JUDÔ – FINAIS
Até 48kg feminino
Até 52 kg feminino: KARLA CARDOSO (se avançar)
Até 60 kg masculino
Até 66 kg masculino
22h30 às 01h30: JUDÔ – Preliminares
Até 57 kg feminino: LÚCIA ARAÚJO
Até 63 kg feminino
Até -73 kg masculino
Até -81 kg masculino: HARLLEY ARRUDA
DIA 28 (sábado)
04h00 às 06h40: JUDÔ – FINAIS
Até 57 kg feminino
Até 63 kg feminino
Até -73 kg masculino
Até -81 kg masculino
22h30 às 02h00: JUDÔ – Preliminares)
Até 70 kg feminino: ALANA MALDONADO
Acima de 70 kg feminino: MEG EMMERICH
Até 90 kg masculino: ARTHUR SILVA
Até 100 kg masculino: ANTÔNIO TENÓRIO
Acima de 100 kg masculino: WILIANS ARAÚJO
DIA 29 (domingo)
04h30 às 07h50: JUDÔ – FINAIS
Até 70 kg feminino
Acima de 70 kg feminino
Até 90 kg masculino
Até 100 kg masculino
Acima de 100 kg masculino: WILIANS ARAÚJO (se avançar)
Com informações das assessorias de comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (https://www.cpb.org.br/noticia/detalhe/3491/antonio-tenorio-supera-a-covid-19-e-chega-em-toquio-em-busca-de-sua-setima-medalha-paralimpica) e da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (http://cbdv.org.br/competicoes/apos-ciclo-dificilimo-wilians-quer-fazer-de-toquio-sua-melhor-volta-por-cima).