Entrevista com a Árbitra Continental Bruna Neves

Representante do Judô Rio no Campeonato Pan-Americano e Oceania falou sobre o evento, sua evolução e as perspectivas futuras
* por Diano Massarani

Não foi somente pelas medalhas de Rafaela Silva e Luana Carvalho e pela atuação de seus gestores e equipe de oficiais técnicos na organização do evento que o Judô Rio recebeu elogios no Campeonato Pan-Americano e Oceania terminado há alguns dias. O reconhecimento também veio para a Árbitra Continental Bruna Neves, integrante da Comissão de Arbitragem da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ). Confira, abaixo, uma entrevista em que Bruna Neves falou sobre sua evolução, a participação no Pan-Americano e Oceania e as perspectivas futuras.

Em 2022, no Pan-Americano e Oceania de Lima (Peru), você foi promovida a Árbitra Continental pela Federação Internacional de Judô (FIJ). Como foi poder participar de uma edição do Pan-Americano e Oceania em casa, no Rio de Janeiro?

Ser convocada para arbitrar o Campeonato Panamericano e Oceania, principal evento do nosso continente, com os principais atletas em busca de pontuação para os Jogos Olímpicos de Paris, e juntamente com os principais árbitros dos dois continentes, foi muito especial.

Para mim, essa convocação representou que meus estudos e meu trabalho com a arbitragem evoluíram e vem evoluindo a cada dia. Existe uma pressão grande, principalmente por ser um evento que conta com um árbitro comissionado da FIJ como observador, mas trabalhar em casa, em um ginásio de legado olímpico e que é comum para nossas competições estaduais ajudou bastante. Estou feliz com o trabalho que fiz nesse grande evento e claro que já com vários “deveres de casa” para melhorar cada vez mais.

De 2022 até hoje, quais você considera que foram os pontos em que mais evoluiu como árbitra?

Para um atleta, participar de competições no exterior proporciona experiências diversas e diferenciadas, aumentando substancialmente o seu nível técnico. Há um bom tempo, converso com meus pares da arbitragem e gestores sobre a importância de nós árbitros também termos mais possibilidades de arbitrar internacionalmente, como forma de passarmos por experiências diferentes, com comissionados distintos e com vivências diversas, pois isso certamente permitirá que nossa arbitragem evolua e esteja engajada e alinhada com o que a FIJ vem cobrando da arbitragem mundial.

Desde o meu exame em 2022, tive a oportunidade de arbitrar ao menos 2 eventos internacionais por ano e sinto que evoluí bastante, principalmente nos quesitos de movimentação para busca do melhor ângulo de visão, interpretação e aplicação da regra, além de sempre me autoavaliar e buscar implementar os feedbacks recebidos por árbitros mais experientes. Além disso, vendo vídeos do meu exame e vídeos de hoje em dia, acredito que melhorei bastante na minha postura e também aumentei minha resiliência perante as mais diversas situações pessoais e profissionais que ocorrem ao longo de uma competição.

O calendário da FJERJ é repleto de eventos, inclusive em arenas olímpicas. O quanto poder estar sempre atuando nos eventos da FJERJ contribui para sua formação como árbitra e para que você esteja alcançando patamares cada vez mais altos, como os eventos internacionais?

Ser árbitra da FJERJ é um privilégio, pois lutando nas competições da FJERJ temos alguns dos principais atletas do Brasil, o que permite que eu possa continuar arbitrando em meu Estado combates do mais alto nível. Além disso, a gestão atual da FJERJ também faz questão de organizar seus eventos nas arenas de legado olímpico e com o mais alto nível de profissionalismo, o que faz uma competição relativamente simples do nosso calendário estadual se assemelhar a competições nacionais e até mesmo internacionais. Isso é muito bom para a equipe de arbitragem, pois quando somos convocados para grandes eventos já estamos acostumados com um nível elevado de organização, o que nos traz tranquilidade para trabalhar.

O que está em seu horizonte como árbitra? Quais são os próximos passos?

Estou me preparando para, quando chegar o momento, realizar o exame de árbitra FIJ A, o último nível da arbitragem internacional e poder, quem sabe, ser convocada pela Federação Internacional para arbitrar os maiores eventos do mundo. Além disso, como educadora, quero poder contribuir cada vez mais com o nosso Judô nacional e estadual, por meio dos processos de formação e qualificação dos nossos árbitros.

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