Instituto Reação: onde Judô e Educação se encontram

Com recém-completados 21 anos, agremiação fundada por Flávio Canto e amigos é referência nacional na formação de faixas pretas dentro e fora dos tatames
* por Diano Massarani

Desde de 2019, o Judô Comunitário Instituto Reação venceu 20 das 23 etapas do Circuito Estadual promovido pela Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ). Esse é apenas um dentre os muitos dados que podem ilustrar que, em se tratando de Judô de alto rendimento, o Reação é uma potência. No entanto, os feitos significativos da agremiação não se limitam às medalhas, e o ideal de pensar além do esporte é um pilar do Reação desde a sua fundação, há mais de 21 anos, pelo judoca Flávio Canto e amigos. Com a palavra, o próprio Flávio Canto:

“O Judô não é só um esporte, é um caminho, e o Instituto Reação sempre esteve nesta missão de ir além do esporte. Para mim, o Reação sempre foi uma instituição educacional, e não apenas um projeto de Judô. Trabalhamos com ênfase nos valores de coragem, humildade, respeito, responsabilidade, superação e solidariedade, sempre na perspectiva do Jita-Kyoei, para que sejam formados faixas pretas de verdade dentro e fora dos tatames. Muitas vezes as pessoas pensam nas histórias de atletas que chegaram às Olimpíadas, mas também temos muitas histórias desconhecidas, de alunos que estão fazendo mestrado em Engenharia em universidade pública, trabalhando no mercado financeiro ou atuando como professor…”.

Como se vê, no Reação, o mesmo entusiasmo com o qual são celebradas as conquistas nas principais competições estaduais, nacionais e internacionais de Judô é encontrado ao se comemorar os frutos do programa “Reação Educação”. Coordenadora do programa, Mariana Barbosa resumiu como funciona, na teoria e na prática, a união entre esporte e educação no Instituto:

“O Reação Educação trabalha em conjunto com a Escola de Judô, visando ajudar os alunos a se tornarem cidadãos globais, indivíduos que pensem, reflitam e assim adquirem uma perspectiva crítica sobre sua narrativa, identidade e a sociedade. A partir dessa compreensão, os estudantes são incentivados a agir para a transformação da sua própria história e o desenvolvimento de um mundo melhor. O programa emprega tecnologias pedagógicas inovadoras para possibilitar a exploração do objeto de conhecimento por meio de diversas experiências. Uma das estratégias utilizadas é o estudo do meio, que consiste em visitas aos espaços culturais da cidade”.

Ao todo, mais de 20.000 alunos já passaram pelo Instituto. Hoje, o Reação atua junto a 4.000 crianças, adolescentes e jovens distribuídos por 12 polos em 5 Estados, estando mais da metade no Rio de Janeiro (os outros polos se localizam em São Paulo, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Minas Gerais). Uma atuação que busca acompanhar o desenvolvimento de crianças desde os seus 4 anos até a maioridade. A respeito da dimensão educacional, o Reação oferece o programa “Bolsa de Estudos”, que tem o intuito de expandir o acesso de seus alunos a escolas privadas, cursos de línguas e universidades. Até hoje, mais de 300 bolsas já foram conseguidas, assim como também supera 300 o número de impactados positivamente pelo programa “Conecta”, que tem o objetivo de facilitar o acesso a oportunidades no mercado de trabalho para jovens a partir de 16 anos e familiares que tenham vínculo com o Instituto. Ainda existem outros programas transversais complementares voltados aos alunos e seus famiíliares, entre os quais está o “Reação com Elas”, que promove encontros com as mulheres ligadas aos alunos, como mães, tias e avós.

O presidente da FJERJ, Jucinei Costa, comentou sobre as ações fora dos tatames que têm caracterizado a trajetória de mais de duas décadas do Reação:

“Acredito que a Federação e o Instituto Reação se aproximam no modo de pensar o Judô. Sim, o Judô é esporte competitivo de alto rendimento, mas também é uma fonte de ensinamentos de valores caros à nossa sociedade, principalmente ensinamentos às crianças. E, neste sentido, o Reação é uma referência por sua atuação ao longo de mais de duas décadas. Quem acompanha de perto o trabalho iniciado lá atrás por Flávio Canto, Geraldo Bernardes e outros companheiros sabe que, no Reação, a famosa frase de que o esporte pode transformar vidas é bem mais do que um enfeite no mural. É um norteador de ações”.

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