Entrevista: Bruna Neves, nova Diretora de Arbitragem da FJERJ

A Árbitra Internacional FIJ A falou sobre os desafios da função, suas referências e o legado que deseja construir
* por Diano Albernaz Massarani
Crédito da imagem de capa: Anderson Neves / CBJ

Em 2011, aos 11 anos de idade, Bruna Neves se filiou à Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ) pelo Judô Clube Walter Russo. Aos 17, tornou-se a primeira faixa preta formada pelo sensei Marco Alberto em sua agremiação. De 2008 a 2011, cursou Educação Física na Universidade Salgado de Oliveira, e, logo após se formar, começou a sua trajetória como árbitra de Judô, estagiando na FJERJ. Desde então, concluiu todas as etapas do ciclo de arbitragem, passando do nível estadual para o internacional, que alcançou em 2024. Há cerca de uma década, Bruna Neves é coordenadora de arbitragem do Núcleo Regional Costa do Sol Região dos Lagos, função que segue exercendo.

Em primeiro lugar, pessoalmente falando, o que significa para você, neste momento de sua trajetória, ser nomeada Diretora de Arbitragem da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro?

Ser nomeada Diretora de Arbitragem da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro representa um marco significativo na minha trajetória no judô. Ao longo dos anos, dediquei-me intensamente ao esporte como atleta, árbitra e agora assumo um novo desafio que amplia minha responsabilidade dentro da modalidade. Esse momento simboliza não apenas o reconhecimento de um trabalho construído com seriedade e compromisso, mas também a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento da arbitragem estadual. É um passo que encaro com muita gratidão e, ao mesmo tempo, com grande senso de dever, pois sei da importância de atuar na formação e valorização dos árbitros e árbitras que fazem parte do nosso quadro.

Pela primeira vez na história a Federação terá uma Diretora de Arbitragem mulher. Como você avalia as ações recentes da Federação para ampliar o espaço de atuação das mulheres no Judô Rio para além dos tatames?

A nomeação de uma mulher para a Diretoria de Arbitragem reflete um avanço importante dentro do Judô Rio, demonstrando um compromisso real com a equidade de gênero. Nos últimos anos, a Federação tem adotado iniciativas que incentivam maior participação feminina, seja em cargos administrativos, na arbitragem e na parte técnica. Essas ações são fundamentais para criar um ambiente mais inclusivo e representativo, inspirando novas gerações a enxergarem possibilidades além da atuação como atletas. O crescimento do número de mulheres nos cursos de arbitragem e sua presença cada vez mais ativa nas competições são reflexos positivos desse movimento, e minha nomeação é um exemplo concreto dessa evolução.

Como Diretora de Arbitragem, como você acredita que pode contribuir para levar adiante as ações que buscam aumentar a participação das mulheres no quadro de arbitragem?

Acredito que a principal forma de incentivar a participação feminina na arbitragem é por meio do acesso à informação, da capacitação contínua e da criação de um ambiente acolhedor e motivador. Pretendo trabalhar para ampliar oportunidades de formação de novos árbitros em geral, mas em especial, espero conseguir incentivar que mais mulheres desejem participar dos processos de formação de arbitragem. Além disso, é essencial fortalecer redes de apoio e promover o reconhecimento da atuação feminina dentro e fora dos tatames. Pretendo também atuar no combate a desafios estruturais que possam dificultar essa participação, ouvindo as árbitras e buscando estratégias eficazes para fomentar um cenário mais equitativo e justo para todos.

Considerando toda sua jornada no Judô do Rio de Janeiro, quais mestres são referências que vão servir de modelo para você realizar os seus objetivos como Diretora de Arbitragem?

Minha trajetória no Judô do Rio de Janeiro foi marcada pelo aprendizado contínuo com grandes mestres, cada um deixando contribuições valiosas que levarei comigo nesta nova missão. Entre tantas referências, destaco aqueles que sempre me inspiraram pelo conhecimento técnico, pela ética e pela dedicação ao Judô. Mestres que demonstraram, por meio de suas condutas, que a arbitragem não é apenas sobre aplicação de regras, mas sobre o compromisso com a justiça, o respeito e o desenvolvimento do esporte.

Meu sensei Marco Alberto, que me inspirou para iniciar a trajetória como árbitra e alguns outros como os senseis José de Almeida, Paulo Vicente, Marcelo Colonna, Jeferson Vieira, Chuno Mesquita, Gilmar Dias, dentre outros que pude conviver e aprender ao longo desses meus anos de caminhada na arbitragem.

Por qual realização você mais gostaria de ser lembrada pela comunidade do Judô Rio após a sua gestão como Diretora de Arbitragem?

Gostaria de ser lembrada como alguém que contribuiu efetivamente para o fortalecimento e a valorização da arbitragem no Judô Rio, sempre guiada pelo princípio de que o Judô está acima de tudo. Meu principal objetivo é deixar um legado de maior integração, transparência e profissionalização do quadro de arbitragem, garantindo que os árbitros e árbitras do nosso estado tenham cada vez mais acesso à capacitação, ao reconhecimento e às oportunidades de crescimento.

Além disso, espero que minha gestão seja marcada pelo incentivo à participação feminina na arbitragem, abrindo caminhos para que mais mulheres se sintam encorajadas a ingressar e progredir nessa área. Acredito que uma arbitragem bem preparada e valorizada contribui diretamente para combates mais justos, nos quais os atletas possam competir em igualdade de condições, fortalecendo os valores do Judô e preservando sua essência. Se, ao final do meu mandato, a comunidade enxergar um ambiente mais estruturado, inclusivo e respeitoso para todos os árbitros e atletas, saberei que cumpri minha missão com dedicação e compromisso.

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